Desde a primeira vez que vi o trabalho de Lee Taylor com o grupo de Antunes Filho, me impressionei pela sua sensibilidade, presença e conexão com a realidade. Quando ele partiu para desenvolver o Núcleo de Artes Cênicas (NAC), entendi que algo novo poderia surgir ali.

A beleza do Coletivo é a investigação de como transformar vivências cotidianas de pessoas reais em ícones teatrais e, sobretudo, fazer isso só com os recursos essenciais, dialogando com espaços não convencionais e com atores muitas vezes iniciantes.

Estas imagens nos conduzem ao enigma de compreender retroativamente as poéticas que esses fragmentos guardam.

A proposta desta mostra é percorrer um caminho inverso ao da história. Ao lado das fotografias de Marcelo Villas Boas, podemos ouvir relatos sobre os personagens reais.

O áudio revela aquilo que perdurou durante as pesquisas e construções cênicas. Como cartas de um baralho que podem compor diferentes canastras, o visitante desta exposição poderá ligar os pontos e construir sua própria versão interpretativa dos dramas que nos cercam todos os dias.

O trabalho do NAC construiu um baralho para que cada um possa montar o seu jogo.

- MARCELLO DANTAS